Cadernos de Leonardo da Vinci: Um dos mais importantes e versáteis artistas da Renascença italiana, Leonardo da Vinci (1452-1519) dedicou seus estudos em diversos campos da arte. Cientista, matemático, inventor, anatomista, escultor, arquiteto, botânico, poeta, músico… mas foi na pintura que encontrou sua maior paixão e, por consequência, o campo de maior consagração.
Assim, Da Vinci colecionou centenas de obras ao longo da vida. Entre elas, se destacam “Mona Lisa” e “A Última Ceia”. Dessa forma, o pintor também colecionou inúmeros manuscritos (notas e cadernos) que reúnem suas ideias ao longo da vida.
Notas e cadernos de Leonardo da Vinci
Esses manuscritos foram digitalizados em alta resolução pelas Bibliotecas do Reino Unido em parceria com a Microsoft e divididos em duas categorias:
Então, a coleção de notas do artista visionário Leonardo Da Vinci é repleta de desenhos de aviões, helicópteros, submarinos, paraquedas, carros e tanques de guerra – lembrando que alguns destes ainda não haviam sido inventados naquela época.
“A arte diz o indizível; exprime o inexprimível, traduz o intraduzível.” Leonardo da Vinci
Curiosidades sobre os Cadernos de Da Vinci
- Os cadernos de Leonardo da Vinci apresentam diagramas, desenhos, notas pessoais e observações, que mostram a maneira única pela qual ele enxergava o mundo. Porém, as anotações iniciaram em meados de 1480, quando ele trabalhava como engenheiro militar e naval para o duque de Milão. Chamamos os cadernos de Leonardo da Vinci de Codex Forster porque pertenciam ao acervo pessoal de John Forster, biógrafo britânico.
- Da Vinci utilizada a escrita espelhada italiana do século XVI, lida ao contrário e da direita para a esquerda, o que despertou enorme curiosidade: seria para que somente ele conseguisse decifrar suas anotações ou, por ser canhoto, era a maneira mais fácil de escrever?
- Os cadernos de Leonardo da Vinci não eram exatamente cadernos da forma que conhecemos hoje. Da forma que foram encontrados, parece que eram folhas soltas que o artista carregava consigo e, em algum momento, foram dobradas e encadernadas.
O que tem nos cadernos de Leonardo da Vinci?
O Victoria & Albert Museum disponibiliza o Codex Forster em formato digital. Tratam-se na realidade de 3 publicações digitais de grande qualidade, nas quais podemos explorar as notas de Leonardo com detalhe:
Os cadernos Codex Forster receberam esse nome pois eram do acervo pessoal de John Forster, biógrafo britâncio. O Codex Forster I contém as notas mais antigas do V & A, datadas entre 1487 e 1505. “Feito na famosa ‘escrita especular’ de Leonardo, sem dúvidas, os assuntos explorados vão de engenharia hidráulica até um tratado sobre a medição de sólidos”, descreve o site do museu.
O Codex Forster I
- Parte 1: Foi iniciada quando Leonardo da Vinci estava em Florença, em Julho de 1505, enquanto o artista trabalhava na obra Batalha de Anghiari. Mas as anotações mostram a medição de corpos sólidos e os problemas matemáticos de forma e volume.
- Parte 2: Compilado por volta de 1487 a 1490, encontramos notas e diagramas relacionados à engenharia hidráulica, ao movimento e elevação da água. Nessa época, no entanto, Leonardo da Vinci projetava dispositivos para entreter convidados em cortes e casas nobres, especialmente relógios de água e fontes.
Codex Forter II
- Parte 1: Compilado por volta de 1495. Assim, contém notas sobre a teoria das proporções e muitos outros temas diversos, como sinos, uma passagem discutindo posturas de um grupo à mesa (possivelmente relacionada à obra A Última Ceia).
- Parte 2: Feito entre 1495 e 1497, possui notas sobre a teoria de pesos, tração, tensões e equilíbrios. Algumas ideias investigam o movimento perpétuo – assim como o conceito de uma máquina hipotética que, uma vez ativada, funcionaria para sempre, como uma roda que nunca para de girar.
Por último, o Codex Forter III
- Esse é o caderno mais diverso de Leonardo da Vinci. O gênio fala sobre geometria, pesos, hidráulica, desenhos de chapéus, roupas e um relato da anatomia da cabeça humana. Leonardo da Vinci fez desenhos de dissecação de humanos e animais, revelando para a humanidade uma série de descobertas anatômicas e fisiológicas.
Contudo, a tradução dos cadernos ainda não está disponível, mas vale a pena conferir todos os desenhos e a caligrafia única de Leonardo da Vinci na Biblioteca Britânica. Assim sendo, o digitalizou totalmente seu manuscrito Leonardo , permitindo deste modo que todos explorem livremente este precioso documento na tela do computador – em casa, em um café, onde quer que seja. Isso se soma aos destaques introdutórios traduzidos já oferecidos em sua seleção Virando as páginas .
A lista de afazeres surreais de Leonardo da Vinci
Em uma ‘listinha’ criada por volta do ano de 1490, quando da Vinci tinha 38 anos de idade, o artista enumerou algumas das coisas que ele pretendia fazer – portanto, confirma seu insaciável interesse em explorar o mundo.
- Calcular o tamanho de Milão e seus subúrbios;
- Encontrar um livro sobre Milão e suas igrejas, que deveria estar na papelaria no caminho a Cordusio;
- Descobrir a extensão da Corte Vechio (o pátio do palácio do Duque);
- Descobrir a extensão do Castello (o palácio do Duque propriamente dito);
- Conseguir um mestre em aritmética que me mostre como calcular a área de um triângulo;
- Conseguir que Messer Fazio (um professor de Medicina e Direito de Pavia) me ensine sobre proporções;
- Conversar com Giannino, o bombardeiro, sobre a razão de a torre de Ferrara estar murada e sem fosso (ninguém sabe dizer o que, exatamente, Leonardo quis dizer com esta anotação);
- Perguntar a Benedetto Potinari (um mercador florentino) como as pessoas patinam sobre gelo em Flandres;
- Desenhar Milão (apenas!);
- Perguntar ao mestre Antônio como os morteiros são posicionados nos bastiões (fortificações) de dia e de noite;
- Examinar a besta (arma) do mestre Giannetto;
- Perguntar sobre a medida do Sol, conforme prometeu o mestre Giovanni Francese;
- Por fim, tentar conseguir o Vitolone (autor medieval de um texto sobre óptica), que se encontra na Biblioteca de Pavia, e que guarda relação com a matemática.
Certamente a lista não termina por aí. Viu só a importância dos cadernos de Leonardo da Vinci? A história agradece.